Charanga Domingueira

04/09/2017  – Flávio Araujo

Quanto tempo demora para que se viva um século? Serão 100 anos? E qual a duração de 100 anos inseridos na vida do ser humano? Einstein teria formas distintas para dar a resposta. Dentro de minha ignorância nas leis da relatividade cem anos são cem anos e ponto final. Assim sendo para quem nasceu no distante 1934, essa distância ganha volume. Muito tempo até hoje e que permitiu que ao ver a luz pela primeira vez nesta romagem minha cidade-berço tinha apenas 17 anos de vida. Razão do porquê de ter sentido a sua pulsação, sístole e diástole, desde que me entendi por gente pensante, de conhecer fatos de seu pretérito como poucos que aqui depois nasceram. Uma das vantagens de ser longevo, graças a Deus. No princípio eram as matas e os campos de vegetação, tipo cerrado. Nesse contexto fui um garoto feliz que colheu e sorveu muita gabiroba nas campinas que se transformaram em excelentes pradarias onde o gado floresceu. Quando o Grupão se instalou ainda era uma pequena comuna sem maior expressão. Até quando da criação do então “G.E. Fernando Costa” a cidade ainda não demonstrava esse ar de metrópole que hoje ostenta. 20 ou 30 mil habitantes, não mais que isso. Mesmo tendo me ausentado fisicamente da mesma ainda jovem aqui permaneci sempre e jamais fui um filho ausente. Vi nascerem seus primeiros clubes de futebol, Prudentino e Comercial, vi seus feitos no esporte quando no atletismo Watal Ishibashi, depois prefeito na ausência trágica de Florivaldo Leal, corria os 400 metros com barreiras. Rômulo Monteiro fazia os 100 metros em menos de 11 segundos, um feito notável então. A equipe de basquete com os irmãos Marcondes, mais Célio Mori, José Bonifácio e outros era excelente. Vadite Marcondes no voleibol executava o saque viagem muito antes que Willian, aquele da geração de prata na seleção brasileira. Vi nascerem Apea e Corinthians e testemunhei o fim das duas grandes equipes. Derramei lágrimas quando a Prudentina extinguiu seu time de futebol e o Corinthians teve vendido seu estádio por interesses até hoje nebulosos. No passado vi jogar os beques Montali (Corinthians) e Lustroso (Apea), os volantes Tião, Joãozinho, Simão Pimenta e Bolinha; os irmãos Sichieri, um dos quais, Toninho, é meu cunhado. Vi atacantes que aqui surgiram como Castilho, Natalino, Oscarzinho, Plínio, Rebolo, Vadilo, que hoje disputariam a Liga dos Campeões da Europa. A gravação enviada a Rádio Bandeirantes como teste foi de um jogo do Guarani, equipe da nossa várzea. O time do João Jorge jogava o fino da bola. Muita coisa boa foi surgindo ao longo dos anos proporcionando um centenário de uma cidade com nível educacional dos mais elevados e que descreverei na próxima coluna. Os 100 anos de Prudente não cabem tão somente numa crônica. Domingo que vem tem mais.

Fonte: http://www.imparcial.com.br