Boxistas devem deixar o local até 3 de janeiro para que a reforma tenha início três dias após o fim do prazo (Foto: Arquivo/Secom)

Rogério Mative

Em 04/12/2019 às 15:35

Desejo latente quando promotor de Justiça de Meio Ambiente, a retirada em definitivo dos boxistas da Praça da Bandeira, área central de Presidente Prudente, foi elencada pelo prefeito Nelson Bugalho (PTB) como uma das possíveis consequências caso ocorra a desistência em reformar o Camelódromo.

Nesta quarta-feira (4), o chefe do Executivo afirmou que estuda a possibilidade de desistir do projeto de revitalização do local, orçado em R$ 2,9 milhões, caso os boxistas criem resistência na transferência provisória dos estabelecimentos para duas quadras do Parque de Uso Múltiplo (PUM).

“O tempo está se esgotando, a reforma está prevista pra começar em 6 de janeiro. Se os boxistas não colaborarem, vamos ser obrigados a desistir do projeto”, falou o prefeito durante entrevista coletiva à imprensa.

Segundo ele, o posicionamento tomado pelos boxistas inviabiliza a reforma. “Sabemos da necessidade de reforma do camelódromo, principal ponto de comércio popular da região e que é o sustento de dezenas de famílias. A Prefeitura se comprometeu a fazer essa revitalização, mas, infelizmente, os boxistas têm se mostrado muito resistentes a deixar o local provisioriamente para viabilizar a obra, como exigem o MP [Ministério Público] e a própria Justiça”, disse.

Vai ‘lavar as mãos’

“Se até o final do prazo não desocuparem, só temos duas opções que estão na sentença: um, é a desocupação forçada; o outro é simplesmente, possível que eu faça isso se acontecer, eu lavo minhas mãos. Eu desisto do projeto. Não tem mais projeto de reforma e vamos cumprir a sentença judicial tal qual está escrito lá. Isso vai causar problema para muita gente que está lá”, cravou.

Bugalho afirmou que os problemas encontrados no Camelódromo são heranças de gestões passadas. “Nós queremos evitar esse problema e resolver uma situação que nunca ninguém teve coragem de resolver. [O Camelódromo] está instalado lá há 20 anos”, alfinetou.

O prefeito vai além e revela que os boxistas podem deixar o local ‘para sempre’. Segundo ele, a desistência da Prefeitura em tocar a obra pode culminar em ações do Ministério Publico Estadual. Uma delas seria a interdição total do Camelódromo. “Todos ficariam sem nada. Seria uma catástrofe, não é o que queremos”.

Prazo curto

A determinação judicial aponta a necessidade de reduzir os boxes: de 272 para 240. Também não será possível a permanência daqueles que comercializam alimentos, que devem ser remanejados para uma praça de alimentação caso a reforma saia do papel.

Os boxistas devem deixar o local até 3 de janeiro para que a reforma tenha início três dias após o fim do prazo. A meta é finalizar a obra em seis meses.

Duranta a coletiva, Bugalho sugestionou que o dinheiro do empréstimo tomado junto à Caixa Econômica Federal seja devolvido ou empregado em outra obra. Contudo, a legislação proíbe o uso da verba em outros espaços.

Mais de 100 irregularidades

Após o Ministério Público receber os documentos recolhidos durante o recadastramento dos boxistas, o promotor da 2ª Promotoria de Justiça de Prudente, Jurandir José dos Santos, encontrou mais de 100 irregularidades. Entre elas, 28 pessoas em poder de 100 boxes, o que é ilegal.

Em junho, ele já havia denunciado duplicidade em titularidades, além de outros problemas.

Fonte: www.portalprudentino.com.br