Medida aprovada ontem pela Aneel passa a valer em 12 de julho; 24 cidades regionais atendidas pela distribuidora serão afetadas
GABRIEL BUOSI – Da Redação • 04/07/2018 04:00:00
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou e divulgou ontem as novas tarifas da Energisa Sul-Sudeste que passam a vigorar a partir do dia 12 de julho e atingirá, na região de Prudente Prudente, 24 municípios que são atendidos pela distribuidora. Conforme a Aneel, a variação média do grupo de consumo de alta tensão, como as indústrias, é de 16,74%, a do grupo de baixa tensão, como as residências, em média de 15,06%, sendo a média de ambas 15,55%. O reajuste não agradou aos moradores e, também, representantes do comércio e indústrias, que adiantam a necessidade de repasses dos novos valores aos consumidores. A distribuidora, por sua vez, ressalta que do total reajustado, 0,24% ficará com a Energisa Sul-Sudeste.
Segundo a Aneel, a medida foi aprovada ontem durante reunião da diretoria, sendo que a revisão tarifária periódica, como ocorreu, reposiciona as tarifas cobradas dos consumidores após analisar os custos “eficientes” e os investimentos “prudentes” para a prestação dos serviços de distribuição de energia elétrica, em um intervalo médio de quatro anos. Já a Energisa Sul-Sudeste lembra que o reajuste é previsto no contrato de concessão da empresa, uma vez que, pelo normal, o valor da tarifa poderá ser revisto anualmente, o que é chamado de reajuste tarifário anual, e a cada cinco anos, processo conhecido como revisão tarifária periódica.
“Os clientes de baixa tensão, que correspondem a 70,70% dos consumidores, terão um efeito médio de 15,06%. Dentro deste grupo estão os consumidores residenciais, com efeito de 14,96%, e os consumidores comerciais e rurais, com efeito de 15,22%. Do total do valor reajustado, a maior parte diz respeito à compra de energia e não fica com a distribuidora, já que, neste caso, ela apenas arrecada o valor na tarifa para pagar a compra de energia a agentes geradores”, esclarece a Energisa Sul-Sudeste. A distribuidora lembra ainda que a compra de energia teve impacto maior no reajuste tarifário deste ano, com 13,30%, devido à situação hidrológica “mais seca” que o país enfrentou nos últimos meses, o que ocasionou o acionamento das usinas termelétricas, com custo mais caro de energia.
Repasse aos consumidores
O segundo vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Presidente Prudente, Alexandre Sano, afirma que o aumento, como em todos os demais casos, encarece os preços de produção e, consequentemente, dos produtos. “O reajuste não era esperado e causa certo prejuízo, pois o país passa por uma situação complicada e com uma economia estagnada. O impacto vai de acordo com o que cada empresa possui de folga no orçamento, mas cedo ou tarde poderá ser repassado”, esclarece.
Já o presidente da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), Ricardo Anderson Ribeiro, diz que o reajuste preocupa o setor do comércio, visto que, aliado aos novos preços, está a bandeira tarifária vermelha, em patamar 2 para este mês (veja o saiba mais), que gera aumento de gastos. “Esse tipo de aumento ninguém suporta para o atual momento que vivemos, pois o consumidor ficará apertado e deixará de consumir, e é uma bola de neve, pois prejudica as vendas, geração de renda, empregos e por aí vai”. Questionado sobre possíveis repasses nos preços das mercadorias, Ricardo esclarece que o consumidor poderá sentir o impacto, visto que os comerciantes não “aguentam” sustentar os repasses.
Moradores preocupados
Jaqueline Oliveira, 24 anos, está desempregada e afirma ter dentro de casa o salário do marido como única fonte de renda. Desta forma, conforme ela, todo e qualquer reajuste pesa no bolso da família. “Acho alto esse novo repasse, mas costumamos economizar sempre que podemos para estarmos preparados para situações como essa. É uma surpresa, mas acredito que vamos conseguir nos virar”, salienta.
A enfermeira Natália Ferreira Gomes, 29 anos, ressalta também achar um valor expressivo para o reajuste, visto que no fim do mês traz uma diferença no que era o gasto estimado. “Costumamos ver sempre preços reajustados, mas o nosso salário nunca acompanha. Espero que a situação melhore”, comenta.
SAIBA MAIS
Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a bandeira tarifária para o mês de julho é a vermelha, em patamar 2, o que significa o custo de R$ 5 a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos. A repetição da bandeira do mês de junho deve-se, conforme a agência, à manutenção das condições hidrológicas desfavoráveis e à tendência de redução no nível de armazenamento dos principais reservatórios do SIN (Sistema Interligado Nacional).
Fonte: http://www.imparcial.com.br