Ludmilla Souza – Agência Brasil
Em 26/04/2021 às 21:18
Esta segunda-feira (26) é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, data para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico preventivo e do tratamento da doença, que mata mais de 10 milhões de pessoas por ano no mundo. Cerca de 30% dos brasileiros são hipertensos, aponta a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
A hipertensão arterial é uma doença crônica não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ou medicamentoso) superam os riscos.
É caracterizada pela elevação sustentada dos níveis de pressão arterial, acima de 140/90 mmHg (milímetros de mercúrio), popularmente conhecida como 14/9 – o primeiro número se refere à pressão máxima ou sistólica, que corresponde à contração do coração; o segundo, à pressão do movimento de diástole, quando o coração relaxa.
Por se tratar de condição frequentemente assintomática, a hipertensão costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos alvo, como coração, cérebro, rins e vasos.
Ela é o principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares, entre elas o infarto agudo do miocárdio (IAM) e o acidente vascular cerebral (AVC), doença renal crônica e morte prematura.
Associa-se a fatores de risco metabólicos para as doenças dos sistemas cardiocirculatório e renal, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes.
A identificação e o tratamento precoces reduzem a mortalidade por causas cardiovasculares. Pode estar relacionada a 80% dos casos de AVC e 60% dos casos de infarto. Hipertensos, assim como outros cardiopatas e portadores de doenças crônicas têm possibilidade de maiores complicações pela covid-19.
“Cardiopatas e pacientes com doenças crônicas não devem suspender seus tratamentos por conta da infecção pelo novo coronavírus. As medicações os ajudarão a proteger o organismo, de forma a permitir uma evolução mais favorável da covid-19”, afirma o presidente do Departamento de Hipertensão Arterial (DHA) da SBC, Audes Feitosa.
O cardiologista apontou obesidade, tabagismo, sedentarismo, histórico familiar, estresse e envelhecimento como fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão. O sobrepeso e a obesidade podem acelerar em até 10 anos o aparecimento da doença, assim como o consumo exagerado de sal, que associado a hábitos alimentares não adequados também colaboram para o surgimento da doença.
Ao reconhecer qualquer um dos sintomas, como alteração do movimento e/ou da sensibilidade em uma parte do corpo; dificuldade de fala ou compreensão; dor de cabeça intensa e súbita; tontura ou alteração no equilíbrio; alteração da visão e/ou dificuldade para enxergar, náusea ou vômito, dificuldade para engolir e/ou perda da consciência (desmaio).
É importante procurar ajuda médica, pois os profissionais de saúde têm um curto espaço de tempo para atuar. “A cada minuto, milhões de neurônios podem ser perdidos durante um AVC. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maior é a chance de recuperação”, alerta a entidade.
Fatores de risco e prevenção
Feitosa destaca que a hipertensão tem fatores de risco que são modificáveis e outros não modificáveis, como predisposição genética e envelhecimento. Por isso é fundamental trabalhar aqueles que são passíveis de mudança, como manter uma rotina saudável, tendo uma alimentação balanceada e evitando o sedentarismo e consequentemente o sobrepeso e a obesidade.
O hábito de fumar, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, diabetes e outras doenças com causa cardíaca juntam-se aos fatores de risco. Já os hábitos de vida saudáveis ajudam a prevenir a doença, completa a médica cardiologista da Clínica Buchler e diretora da reabilitação cardíaca do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Rica Buchler.
“Adotar hábitos de vida saudáveis como manter alimentação rica em frutas e legumes, assim como praticar atividade física e manter o peso adequado. Além da visitar regularmente o clínico geral ou o cardiologista para aferição da pressão arterial ao menos uma vez ao ano. Caso tenha pai e/ou mãe hipertensos, é preciso iniciar essa aferição da pressão arterial aos 20 anos”.
Hipertensão e covid-19
No contexto de pandemia de covid-19, hipertensos precisam, de maneira ainda mais contundente, manter a pressão arterial controlada. “Isso porque o risco da hipertensão no indivíduo com diagnóstico positivo para o novo coronavírus se dá porque a covid-19 provoca uma intensa reação inflamatória que atinge diferentes territórios vasculares do organismo, vasos esses que já apresentam alterações na sua estrutura e função decorrente da hipertensão arterial não controlada, fazendo com que essa pessoa tenha mais risco de complicações”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Celso Amodeo.
“Nossas orientações, sempre, são para que o paciente hipertenso não suspenda o tratamento medicamentoso por causa da covid-19”, explicou o médico.
A médica cardiologista Rica Buchler ressalta que a hipertensão pode ainda estar associada a diversos fatores de risco.
“A hipertensão costuma estar associada a obesidade, que é fator de risco para evolução desfavorável da covid-19. Muitas vezes o paciente crítico de covid-19 tem vários fatores de risco, como diabetes e cardioopatias. A hipertensão arterial torna-se importante fator de risco para covid-19 na medida em que atinge órgãos alvo como cérebro, coração e rins”.
A pandemia fez com que muitas pessoas deixassem de ir ao médico por medo de sair à rua, o que aumenta o risco de hipertensão arterial não controlada. É imprescindível que o indivíduo mantenha sua pressão controlada, evitando assim complicações mais graves em caso de covid-19, recomenda a SBC.
Os 10 mandamentos para prevenção e controle da pressão alta, segundo a cardiologista Rica Buchler:
1. Meça a pressão pelo menos uma vez por ano.
2. Pratique atividades físicas 5 vezes por semana.
3. Mantenha o peso ideal, evite a obesidade.
4. Adote alimentação saudável: pouco sal, sem frituras e mais frutas, verduras e legumes.
5. Reduza o consumo de álcool. Beba com moderação.
6. Abandone o cigarro.
7. Nunca pare ou mude seu tratamento sem orientação médica.
8. Siga as orientações do seu médico ou profissional da saúde.
9. Evite o estresse. Tenha tempo para a família, os amigos e o lazer.
10. Ame e seja amado.
Fonte: www.portalprudentino.com.br