Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde o mês de janeiro.
Por Gabriel Tibaldo, Stephanie Fonseca e Wellington Roberto, G1 Presidente Prudente
O ex-prefeito de Presidente Prudente, Agripino de Oliveira Lima Filho, de 86 anos, morreu às 14h15 desta quarta-feira (7), no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos.
O velório do ex-chefe do Poder Executivo prudentino ocorrerá no Santuário Morada de Deus, em Álvares Machado, conforme a assessoria de imprensa da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), da qual Agripino era chanceler. A previsão é de que o velório seja aberto para a visitação pública a partir das 9h até às 17h desta quinta-feira (8). O sepultamento será restrito para a família.
Agripino Lima estava internado no Hospital Sírio-Libanês, onde passou por procedimento cirúrgico no dia 22 de janeiro, em razão do diagnóstico de uma úlcera gástrica hemorrágica causada por um tumor. “Logo após esse procedimento, seu quadro era estável e evoluía bem, mas nos últimos dias seu estado de saúde se agravou”, conforme informou a Unoeste.
Luto Oficial e suspensão de aulas
Devido à morte de Agripino de Oliveira Filho, a Unoeste declarou luto oficial e que suspenderá suas atividades acadêmicas e administrativas por três dias, a partir desta quinta-feira (8).
Também decretou luto oficial de três dias a Prefeitura de Presidente Prudente, a contar desta quarta-feira (7). O decreto do prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB) será publicado nesta quinta-feira (8) nos atos oficiais. Todos os eventos oficiais programados durante este período estão cancelados, conforme informou a Secretaria Municipal de Comunicação (Secom), através de nota.
O homem
Agripino de Oliveira Lima Filho nasceu em 31 de agosto de 1931, em uma fazenda que pertencia aos avós dele, em Lençóis Paulista, na região de Bauru (SP). Ele foi o oitavo de um total de 12 filhos de Agripino de Oliveira Lima e Silvéria do Prado Lima.
Ainda pequeno, mudou-se com a família para Agudos e, depois, na idade de estudos, para o município de Garça. Lá conheceu Ana Cardoso Maia, com quem foi casado mais de 40 anos. Se mudou para Alfredo Marcondes. O casal teve quatro filhos: Augusto César, Ana Cristina, Maria Regina e Paulo César. Em 1963, Agripino Filho transferiu-se para Presidente Prudente para ser o diretor da Escola Estadual Maria Luíza Formosinho Ribeiro.
Empresário
Foi a visão de um educador e o faro para os negócios que fizeram de Agripino de Oliveira Lima Filho um empresário que marcou a história de Presidente Prudente. Professor e diretor de escolas, vendedor de livros e de carros, advogado e pedagogo, Agripino percebeu que o ensino superior na cidade era escasso – e quem queria ter o terceiro grau tinha que ir para outros municípios.
Foi assim que, em 1972, ao lado de sua então esposa Ana Cardoso Maia, fundou a Associação Prudentina de Educação e Cultura (Apec), com as faculdades de letras, estudos sociais e pedagogia. Durante 15 anos foi diretor geral, professor universitário e deu início à construção de um hospital universitário. Em 1987, a Apec transformou-se em universidade, a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), e 10 anos depois, inaugurava o Hospital Universitário, que passou a atender milhares de pessoas do interior paulista, do Mato Grosso do Sul e do Paraná. Em 2009, a unidade de saúde passou ao controle do estado e passou a chamar-se Hospital Regional.
Além de empresário, Agripino Filho também ficou conhecido por sua fé. O crucifixo que carregava no peito era apenas uma das formas de demonstrar a religiosidade dele. Agripino afirmava ter participado da construção de 14 igrejas em Presidente Prudente – fato que o levou a ser condecorado pelo vaticano. Mas o maior legado da fé em Cristo e em Nossa Senhora foi a construção do Santuário Morada de Deus, em Álvares Machado.
A igreja Jesus de Nazaré, com sua arquitetura e vitrais, a capela de Nossa Senhora da Agonia e a via-sacra com imagens em gesso se tornaram ponto de referência para os cristãos – um local visitado por milhares de fiéis todos os anos. A obra de um homem de fé que marcou a paisagem, a cultura e a religião do Oeste Paulista.
Político
Seguindo uma tendência familiar, Agripino de Oliveira Lima Filho ingressou na vida política na década de 1970. Foi eleito vereador em Presidente Prudente por dois mandatos consecutivos – de 1972 a 1976 e de 1977 a 1982.
Em 1983, foi candidato a prefeito pela primeira vez e, apesar de ter sido o candidato com maior votação, o sistema de eleição acabou levando Virgílio Tiezzi ao cargo de chefe do Executivo.
Em 1986, foi eleito deputado federal e participou da assembleia que elaborou a constituição brasileira, sendo presidente da comissão de Justiça em Brasília.
Ainda durante o mandato de deputado, Agripino foi eleito vice-prefeito de Presidente Prudente para o mandato de 1988 a 1992. O prefeito foi Paulo Constantino.
Nas eleições seguintes, em 1993, Agripino foi vencedor e assumiu a Prefeitura de Presidente Prudente pela primeira vez. Ele ainda seria eleito para o cargo outras duas vezes – de 2001 a 2004 e de 2005 a 2008 – sendo a única pessoa a ser três vezes prefeito da cidade.
As administrações de Agripino ficaram marcadas por várias iniciativas, como a criação da escola de curtimento de couro, a reforma do Estádio Prudentão com a ampliação para 65 mil lugares, a reativação do Distrito Industrial e construção de escolas, habitações populares, pavimentação em bairros e a construção da Cidade da Criança.
Mas também era uma pessoa de personalidade forte. Ele chegou a bloquear a entrada de integrantes do movimento sem terra na cidade.
Em 1998, Agripino de Oliveira Lima Filho foi eleito deputado estadual – com a maior votação do partido dele na época, o PFL. Foram quase 100 mil votos (99.272). Neste período, o nome dele chegou a ser cogitado como possível candidato ao governo do estado, mas isso não se confirmou.
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